Minha história com a fé.
Quero contar para vocês como a fé mudou minha trajetória.
Entenda, é apenas meu relato, não sou vitima e nem me vitimizo.
Vou me apresentar formalmente para vocês: meu nome é Lara, tenho 46 anos, sou casada com o Carlos e tenho um Spitz Alemão chamado Thor que parece um diabo da tasmânia, sério, ele é encapetado às vezes. Sou uma pessoa espiritualista e tenho mais afinidade com o espiritismo.
Eu sempre fui uma pessoa super ativa, cheguei a trabalhar até 14 horas por dia. Sim, uma loucura. Eu trabalhava em uma faculdade de medicina e tinha duas empresas: uma pizzaria e um restaurante. Era meio insana a minha vida! E quando a gente negligencia o corpo e a mente, que precisam de descanso, eles começam a gritar com a gente. Foi o que aconteceu. Em 2013 eu passei por uma situação de estresse enorme, foi o gatilho que desencadeou uma doença auto-imune chamada espondilite anquilosante além de artrite reumatóide soro-negativa (que não é detectada por exames laboratoriais). Esse processo inflamatório em meu corpo, que começou a atacar a si mesmo, gerou dor, muita dor.
Eu preciso dizer que antes de 2013 eu já sentia algumas dores: costas, quadril, ombros, às vezes doíam as articulações menores, mas eu ia ao médico, tomava remédio e melhorava um pouco, então deixava pra lá.
Após o episódio de estresse, meu corpo inteiro doía como se eu levasse uma surra todo dia. Só de alguém me encostar era motivo para a dor piorar. Sentia extrema fadiga. Não conseguia ficar em pé muito tempo, sentada muito tempo, deitada muito tempo. Era preciso revezar a posição em que estava constantemente. Sentia dor 24 horas por dia, todos os dias, não dormia direito porque a dor me acordava. Para piorar não tinha o diagnóstico da doença. Escutei de alguns médicos (especialistas renomados) que eu deveria procurar um psiquiatra porque o que eu tinha era chilique. Aí, mais eu ficava desesperada. Como podia sentir tanta dor e ser chilique, ser coisa da minha cabeça? Meu mundo ruía um pouco mais a cada dia. Eu sentia que não tinha chão em que eu pudesse pisar.
Foram 21 médicos até o diagnóstico. Foi uma peregrinação de 7 meses. Além da dor constante e de outros sintomas, entrei em depressão. Realmente não estava sabendo lidar com a doença e com tantas mudanças. Sentia-me sufocada, sem ar, era como se eu mergulhasse num mar revolto e escuro e afundasse cada vez mais.
Precisei ir para outro estado (moro no interior de Minas Gerais e marquei consulta com médico em São Paulo) para que eu tivesse o diagnóstico. Quando, finalmente, o médico disse o que eu tinha, por incrível que pareça, eu fiquei tão aliviada e feliz, afinal, eu não era louca, não era coisa da minha cabeça nem muito menos chilique (E eu achei mesmo que estava enlouquecendo!!!).
Passada a euforia de ter o diagnóstico, desabei novamente. Me vi com uma doença que não tem cura, que só tem remédios (que podem funcionar ou não) para os sintomas. Voltei para casa e só conseguia pensar que a minha vida como era tinha acabado de vez. Nada seria como antes.
A partir daí minha vida mudou radicalmente. Eu já tinha parado de trabalhar, não conseguia ficar 5 minutos fazendo nada porque a dor era insuportável. Foi o pior momento da minha vida. Apesar de todo o apoio do meu marido e da minha família, eu desmoronei.
Eu sou uma pessoa alegre, tímida, mas alegre. Sempre, desde criança, fui conectada ao lado espiritual da vida, a Deus, a Jesus. O peso emocional que eu sentia com a dor não me deixava olhar para cima, minha conexão com o Pai ficou de lado, esquecida. Eu só tinha olhos para minha miséria pessoal. Passei quase um ano em desesperança, com vibração energética baixa tanto por causa da dor quanto pelo foco na minha própria tragédia. Como sempre fui muito independente, tinha o receio de ser um peso para meu marido e minha família. Apesar do apoio espiritual que tinha foram dias sombrios.
Uma tarde, sozinha em casa, ruminando minhas dores, comecei a pensar: "o que é que estou fazendo com a minha vida? Essa pessoa desanimada, depressiva, focada na própria dor não sou eu. Eu não ando curvada pelo peso das dores e dos acontecimentos da vida. Eu não sou assim." Lembro-me perfeitamente de levantar do sofá, abrir a porta para a varanda do meu apartamento e de ser atingida pelo sol com a força de uma bomba. Uma bomba de energia. Há muito tempo eu não olhava para o céu. Elevei meu pensamento ao Pai, Criador de todas as coisas, e pedi forças para enfrentar minha vida de frente, pedi luz para clarear minha caminhada e pedi que Jesus me ajudasse para que eu me adaptasse a minha nova realidade.
Cresceu em mim uma certeza de que eu teria apoio, consolo e conforto espiritual. Uma certeza absoluta de que mesmo que minha doença não tivesse cura eu ainda vivia e poderia ter uma vida mais alegre apesar da dor.
Cresceu em mim uma força enorme que tem guiado e sustentado meus passos desde então.
Essa força foi a fé.
“A força mais potente do universo é a fé” - Madre Tereza de Calcutá
Todos os dias quando acordo agradeço ao Pai pela vida e pela dor. Sim, eu agradeço pela dor. Porque hoje eu entendo com clareza que ela veio para que eu pudesse corrigir meu caminho, para que eu pudesse dar valor ao que eu não dava antes.
Eu precisei diminuir o ritmo da minha vida em todos os aspectos. Tive que me adaptar a viver diariamente com a dor física, com o cansaço, a fadiga, enfim, com as limitações que hoje eu tenho.
E apesar de tudo eu acordo feliz, porque é mais um dia de aprendizado, mais um dia para eu me superar, para eu me melhorar.
Não é fácil, não mesmo. Mas eu sigo em frente. Eu tenho fé. Muita fé. E a fé me sustenta e me dá forças para mais um passo, e mais um passo, e outro, e outro passo, e assim eu caminho. Todo dia, um passo por vez, com fé.
Vivendo com fé
Hoje faço as coisas no meu ritmo, no meu tempo. Quando a dor está demais eu fico quieta no meu cantinho e dou tempo pro meu corpo assimilar o processo doloroso, elevo meu pensamento ao Pai pedindo forças e resiliência. Recuperei minha alegria em viver.
Tomo remédios todos os dias. Embora a dor não me deixe nem um minuto, aprendi a conviver com ela. Há dias piores e há dias melhores. Hoje tenho forças para viver um dia de cada vez. Faço o melhor que posso, sem cobranças, com calma. E a fé me guia e me fortalece. Todos os dias. Sempre.
Qualquer que seja o problema que você esteja passando, tenha fé. Acredite. Todos nós somos capazes de aprender com nossas dores e superar os desafios. A fé é uma força descomunal quando você descobre ela dentro de você. A fé te impulsiona para a frente, a fé faz com que você tenha chão para caminhar mesmo nos momentos mais escuros. A fé é força e luz.
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