Força destrutiva que atrasa o nosso progresso.
Para refletirmos sobre hábitos infelizes precisamos compreender o que é um hábito.
Hábito é uma maneira usual de ser, fazer e/ou sentir; é um costume, uma maneira permanente ou frequente de comportamento; uma mania.
Emmanuel no livro Pensamento e Vida, pela psicografia de Chico Xavier, nos diz que o hábito é uma esteira de reflexos mentais acumulados, operando constante indução à rotina.
O hábito cria raízes na mente e, assim, vamos repetindo padrões, muitas vezes sem perceber.
Nós gastamos um tempo enorme, milênios na verdade, na recapitulação de muitas experiências semelhantes entre si. Vivemos, na expressão que Emmanuel utiliza, quase que à maneira de embarcações ao gosto da correnteza, no rio de hábitos aos quais nos ajustamos sem resistência.
Como vivemos em regime de reflexão automática, nós, com algumas exceções, adquirimos o costume de consumir os pensamentos uns dos outros. E como ainda temos muita dificuldade em praticar a vigilância, tão aconselhada por Jesus, nós exageramos as nossas necessidades, nós nos afastamos da simplicidade.
Quando resolvermos adotar a simplicidade em nossa vida, perceberemos que será muito mais fácil construir uma vida melhor.
Todavia, o que acontece geralmente é que vamos criando em torno de nós todo um sistema defensivo, muitas vezes à base de crueldade, com o qual ferimos o próximo, dilacerando consequentemente a nós mesmos.
Vamos estruturando um complicado mecanismo de cautela e desconfiança, que vai muito além da preservação justa de nós mesmos, e vamos nos entregando às paixões como o instinto da posse e, com o instinto da posse, criamos os reflexos do egoísmo e do orgulho, da vaidade e do medo.
Ao agirmos assim, o que realmente estamos tentando, inutilmente, é fugir às Leis Divinas.
Vivemos em um círculo vicioso sob o domínio da ignorância que nós mesmos acalentamos dentro de nós. Emmanuel diz que a criatura humana vive procurando enganar-se depois do berço, para desenganar-se depois do túmulo, aprisionada no binômio ilusão-desilusão. Assim, gastamos longos séculos, começando e recomeçando o trabalho em que cada um de nós tem o dever de avançar.
Não podemos desconhecer, todavia, que somente adotando a bondade e o entendimento, com a obrigação de educar-nos e com o dever de servir, como hábitos automáticos nos alicerces de cada dia, colaborando para a segurança e felicidade de todos, ainda mesmo à custa de nosso sacrifício, é que refletiremos em nós a verdadeira felicidade, por estarmos nutrindo o verdadeiro bem. - Chico Xavier por Emmanuel
Com relação aos hábitos, não nos é lícito desprezar a rotina construtiva. Emmanuel diz que é através da rotina construtiva, dos bons hábitos, que o ser se levanta no seio do espaço e do tempo, conquistando os recursos que lhe enobrecem a vida.
A beleza da evolução é que ela nos impõe a todos a instituição de novos costumes, de novos hábitos, a fim de que nós nos desvencilhemos dessas fórmulas inferiores, dos hábitos infelizes. Só assim conseguiremos atingir, pelo nosso esforço em nos aprimorarmos, os círculos mais altos da existência.
André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, no livro Sinal Verde, explica quais hábitos infelizes nós, cada criatura e a humanidade, ainda temos. Por exemplo:
Usar pornografia ou palavrões, ainda que estejam supostamente na moda.
Estender boatos e entretecer conversações negativas.
Falar aos gritos.
Rir descontroladamente.
Aplicar franqueza impiedosa a pretexto de honorificar a verdade.
Fugir da limpeza.
Queixar-se, por sistema, a propósito de tudo e de todos.
Fixar intencionalmente defeitos e cicatrizes do próximo.
Irritar-se por bagatelas.
Zombar dos circunstantes ou chicotear os ausentes.
Analisar os problemas sexuais seja de quem seja.
Desprestigiar compromissos e horários.
Viver sem método.
Contar vantagens, sob a desculpa de ser melhor que os demais.
Gastar mais do que se dispõe.
Aguardar honrarias e privilégios.
Não querer sofrer.
Exigir o bem sem trabalho.
Não saber agüentar injúrias ou críticas.
Não procurar dominar-se, explodindo nos menores contra- tempos.
Fugir de estudar.
Deixar sempre para amanhã a obrigação que se pode cumprir hoje.
Dramatizar doenças e dissabores.
Discutir sem racionar.
Desprezar adversários e endeusar amigos.
Reclamar dos outros aquilo que nós próprios ainda não conseguimos fazer.
Pedir apoio sem dar cooperação.
Condenar os que não possam pensar por nossa cabeça.
Aceitar deveres e largá-los sem consideração nos ombros alheios.
Quem de nós já se livrou desses e de outros tantos hábitos infelizes? A caminhada não é sem obstáculos. O cultivo de maus hábitos é um grande desafio que temos de superar. Devemos nos espelhar nos bons exemplos, naquelas pessoas que conseguiram superar suas próprias limitações.
Por misericórdia, o Pai nos deu o maior exemplo que poderíamos ter, o símbolo da renovação humana, o Cristo Jesus, que trouxe todo um programa de transformações profundas do espírito.
Sem violência de qualquer natureza, Jesus alterou os padrões da moral em que a Terra vivia há muitos milênios. É o exemplo perfeito a seguir para que consigamos nossa transformação moral, e assim avançar em nossa jornada.
Jesus nos ensinou que a prática do perdão é preferível ao uso da condenação metódica. Que a fraternidade legítima aquece nosso coração. Que não devemos, nas horas difíceis, nos abandonar à tristeza e ao desânimo. Trouxe a noção das bem-aventuranças eternas para os aflitos que sabem esperar e para os justos que sabem sofrer.
Nenhum de nós se eleva sem esforço máximo da vontade. Devemos vencer em nós mesmos os maus hábitos que ensombreiam a nossa caminhada. Passemos ao cultivo de bons hábitos para que possamos viver melhor.
Ao nos acostumarmos com o bem, a pensar o bem, falar o bem e a fazer o bem, estaremos externando a nossa melhor parte, porque somente cremos e admitimos aquilo que cultivamos em nosso próprio coração.
Boa tarde Lara, Excelente abordagem sobre os hábitos infelizes, estudo importante!