O poder da vontade bem direcionada.
Muito se tem falado sobre a necessidade de vencer as paixões humanas. Diferente do amor, que é o sol interior da criatura e que inspira sempre o melhor, a paixão é um movimento violento, impetuoso, do ser para o que ele deseja, para o que o atrai muito vivamente, seja qual for o objeto dessa afeição.
Mas será que a paixão é realmente ruim?
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, no Livro III - cap XII, Perfeição Moral, pergunta aos Espíritos se é substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza.
A resposta é esclarecedora: “Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”
O conceito humano geralmente liga o significado de paixão ao desequilibro. Porém, a origem da paixão está na natureza, fazendo parte da ordem natural das coisas.
Considerando que tudo aquilo que pertence à ordem natural obedece a uma sabedoria e a uma bondade supremas, tendo, em outras palavras, sido instituído por Deus, como poderia essa fonte sábia e boa levar, em última instância, a sentimentos intrinsecamente maus?
O problema está no excesso, ou seja, no direcionamento da nossa vontade indisciplinada, que causa o desequilíbrio.
Há que se determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más.
As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixamos de governá-la, o que resulta sempre em prejuízo a nós mesmos ou aos outros,
Allan Kardec explica que as paixões são alavancas que aumentam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios de Deus. Porém, se não as dirigirmos, e, ao contrário, deixarmos que elas nos dirijam, caímos nos excessos e a própria força que manejamos e que poderia produzir o bem, se volta contra nós e nos esmaga.
Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, uma vez que se assenta numa das condições providenciais da nossa existência.
A paixão propriamente dita é, então, a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como consequência um mal qualquer.
Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual. Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
Como faremos para vencer as paixões, as más inclinações? Através do nosso próprio esforço, muitas vezes insignificantes. O que nos falta é o direcionamento da nossa vontade em efetuar o esforço necessário para vencê-las.
Lembrando que sempre podemos contar com o auxílio dos espíritos superiores para nos ajudar a vencer esse desafio. Se confiarmos em Deus, pedindo-lhe com sinceridade o auxílio, os bons Espíritos virão em nosso auxílio, por quanto é essa a missão deles.
Vencendo as paixões
Não existem paixões irresistíveis. Nossa vontade é que muitas vezes só está em nossos lábios, fraca e impotente para dominá-las. Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua inferioridade. Vencer as más inclinações é uma vitória do Espírito sobre a matéria.
Para vencer, precisamos envolver o raciocínio na luz do entendimento e deixar que o amor comande os menores impulsos de nossa alma.
Como nos diz Emmanuel no livro Encontro Marcado, pela psicografia de Chico Xavier: A vida triunfante é luz imperecível, impelindo-nos no rumo das Esferas Superiores; entretanto, encerra consigo a rude batalha da evolução, em que todos somos compulsoriamente engajados na condição de Espíritos eternos, a fim de conquistá-la!…
Você está disposto a fazer o esforço necessário?
Comentarios