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A PORTA ESTREITA

Pequena é a porta da Vida.


O que é uma porta?


É uma passagem que separa dois lugares, permitindo o acesso entre eles.


Jesus nos alertou sobre a porta estreita.


Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. — Quão pequena é a porta da vida! quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram! - Mateus 7:13-14

A que estrutura pertence essa porta que Jesus se refere? Emmanuel vai nos dizer no livro O Espírito da Verdade, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, que Sem dúvida, a porta estreita e a porta larga pertencem à muralha do tempo, situada à frente de todos nós.


A porta estreita refere-se ao acerto espiritual que nos permite avançar em nossa marcha na jornada evolutiva, quando compreendemos que as horas devem ser bem aproveitadas nessa marcha. A porta larga refere-se ao desequilíbrio interior, quando nos deixamos dominar pelas paixões más, pelas nossas más inclinações, quando cometemos erros e enganos dolorosos tanto para conosco como para o nosso próximo. Quando nos decidimos pela porta larga somos forçados à dor da reparação com lastimável perda de tempo.


Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVIII - Muitos os chamados, poucos os escolhidos, Kardec fala da Porta Estreita: Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. É estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam; é o complemento da máxima: Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.


Vamos fazer um exercício de imaginação: Imagine uma muralha a sua frente. Antes da muralha, no lugar onde você está, significa o passado que já vivemos e o presente que estamos vivendo. Ou seja, é a nossa colheita do ontem e a nossa sementeira do hoje. Depois da muralha, óbvio, então, que encontraremos o futuro e a eternidade. É a colheita do amanhã. Você percebe então duas portas: uma enorme, larga, maravilhosa, de ouro, ornamentada com pedras preciosas. E outra, de madeira muito simples, lisa, sem adornos. Fazer a travessia de uma dessas portas é ato obrigatório a cada um de nós. Como as portas estão fechadas, você não sabe o que vai encontrar do outro lado. Ou melhor, não sabíamos. Porque com Jesus nós sabemos. A porta larga tem a entrada na ilusão e a saída pelo reajuste. A porta estreita tem a saída do erro e do engano e é a entrada na nossa renovação.


Não nos enganemos, o momento atual é de escolha entre a porta estreita ou a porta larga.


Se nos fosse dado um vislumbre do que há em cada porta, será que nós faríamos escolhas melhores? O Evangelho de Jesus e a Doutrina Espírita nos permitem esse vislumbre. Então por que continuamos, muitas vezes, a escolher a porta larga? É uma questão que cada um de nós deve responder, franca e honestamente, para si mesmo. Porque depois, como Jesus disse, não adiantará chamarmos Senhor, Senhor! Porque a porta da nossa salvação não estará aberta para nós. Porque para passar pela porta estreita temos que deixar a bagagem de orgulho, egoísmo, vaidade, maledicência, sensualidade, intolerância, maldade e tantas outras qualidades inferiores para trás.


Muitos de nós, transitamos pelo mundo nas largas avenidas dos prazeres transitórios, buscando cada vez mais o que é somente material, vamos amontoando dentro de nós arrogância, preguiça, tédio, intemperança, e isso vai nos conduzir, muitas vezes, ao crime. Quantos de nós prefere ver seus caprichos atendidos, seus desejos satisfeitos, alimentando nosso ego, vaidade, sensualidade, e com isso caímos nas sombras de enganos tenebrosos que nos levam aos despenhadeiros de dor e sofrimento e arrependimento tardio.


Emmanuel, no livro ceifa de luz, psicografia de Chico Xavier, nos diz: Não te aconselhes com a facilidade humana para a solução dos problemas que te inquietam a alma. Realização pede trabalho. Vitória exige luta. Nós não recebemos uma nova oportunidade na experiência na carne, na matéria, para nos acomodarmos na inércia, nos prazeres transitórios, no deleite da vida material, no desprezo às leis que regem a vida. Nós recebemos uma nova oportunidade para nos melhorarmos, para nos corrigirmos, para nos reajustarmos à Lei de Amor do Pai.


O caminho estreito, a porta estreita, a que se refere Jesus é a necessidade de cumprirmos as obrigações assumidas diante do Eterno Bem. E para isso é imprescindível nos despojarmos das bagagens de sombra que ainda mantemos conosco. Por isso não podemos nos deter nessa ilusão das vantagens passageiras, na ilusão do poder, do dinheiro, das paixões. Viver nessas ilusões nos levam a ociosidade que, inevitavelmente, irá nos lançar na penúria do amor verdadeiro e nas trevas da ignorância. Não vamos desdenhar das dificuldades, das provações, da necessidade  de trabalho, de abnegação e do suor do nosso próprio esforço no processo de aprimoramento. Emmanuel vai nos lembrar que em todas as circunstâncias, recorda sempre que a “porta larga” é a paixão desregrada do “eu” e a “porta estreita” é sempre o amor intraduzível e incomensurável de Deus. Nós precisamos é aprender a aceitar as dificuldades e os desafios como mestres do nosso processo de melhoramento. Vamos raciocinar, como Emmanuel nos lembra: Sem a porta estreita do obstáculo não conseguiríamos medir a nossa capacidade de trabalho ou ajuizar quanto à nossa fé. As lições do próprio suor são as mais preciosas.


Quantas vezes nós escutamos conselhos das pessoas que nos amam, dos espíritos superiores, mas não ouvimos verdadeiramente e sorrimos como quem tem sempre razão. Depois nos doemos com o fracasso. Emmanuel vai nos dizer no livro Abrigo, pela psicografia e Chico Xavier: Saibamos, no entanto, respeitar na “porta estreita” que o mundo nos impõe o socorro da Vida Maior, a fim de que possamos reconsiderar a própria marcha.


A porta estreita se manifesta de várias formas em nosso jornada. Pode ser uma enfermidade, uma dificuldade financeira, desemprego, miséria, relacionamentos difíceis, abandono, morte de um ente querido… Todavia, lembremo-nos de, por onde formos, agradecer a dificuldade que nos melhora e nos eleva à grande renovação. Toda a dificuldade nos impulsiona para os braços do Cristo. E Jesus, nosso maior exemplo, não escolheu a larga avenida do menor esforço. Da simples manjedoura de luz ao calvário de sofrimento e dor, Ele se movimentou entre os mais diferentes obstáculos culminando na cruz. Essa cruz que representa a sua maior mensagem de amor à Humanidade em todos os tempos. Ele nos deixou o exemplo vivo, a porta estreita do sacrifício como sendo o nosso mais belo caminho de paz e libertação. Devemos nos perguntar se estamos dispostos a seguir o caminho do mestre, a seguir seu exemplo e percorrer a estrada estreita e difícil para entrarmos na porta estreita.


“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.” — Jesus. Lucas 13:24

Quando estamos no mundo espiritual, antes da reencarnação necessária ao nosso progresso, a alma estima na “porta estreita” a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais. Nós reconhecemos a necessidade do sofrimento purificador. Ansiamos pelo sacrifício que vai nos redimir. Emmanuel nos aconselha: Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.


Quando recebemos a oportunidade de reencarnar, recebemos o corpo frágil de carne, que nos dispomos a utilizar para o serviço de nosso aprimoramento e reajuste perante às Leis de Amor do Pai. Todavia, ao chegarmos aqui, no mundo material, voltamos a procurar as “portas largas” por onde a maioria dos homens ainda transita. Começamos reclamando das dificuldades, fugimos dos desafios, empregamos o menor esforço, cedemos às tentações que encontram eco em nosso íntimo. Longe de abraçar o sacrifício pessoal e a renúncia de nós mesmos em favor do outro, exigimos, costumeiramente, a vantagem pessoal e direitos diversos, esquecendo dos deveres. Não cumprimos o compromisso assumido na pátria espiritual, menosprezamos as oportunidades de realização de algo útil. Rebelamo-nos diante das dificuldades e desafios, esquecendo que nós mesmos pedimos os desafios que estamos enfrentando. Nós mesmos rogamos a porta estreita. E a recebemos. Entretanto, na maioria das vezes, recuamos no instante do serviço justo e do testemunho necessário.


E porque se acomodaram muito bem nas portas largas, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem. - Chico Xavier por Emmanuel

Os minutos, em nossas jornada, representam valores inestimáveis para cada um de nós. Devemos examinar, em nosso dia a dia, nos atos mais comuns que praticamos, qual a passagem estamos elegendo conforme atravessamos a muralha do tempo: a porta do serviço e da dificuldade ou a porta dos caprichos enganadores.


Temos sido viajores do tempo por muitos milênios, indo e vindo pela porta larga. Vinculamo-nos, por nossa própria escolha, aos círculos de viciação que forjamos para nós mesmos, iludidos com a autoridade e a riqueza transitórias, idolatrando a beleza física, esquecendo-nos da beleza espiritual.


É necessário que nos renovemos em Cristo. Seguindo-o nas abençoadas lições da porta estreita, sendo gratos pelos empecilhos em nossa caminhada, conservando alegria e esperança, coragem e fé. Pois é Jesus, o Cordeiro de Deus, quem nos guia pela estrada e aguarda, pacientemente, que escolhamos a porta estreita.

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