A dificuldade em aceitar que os animais têm alma
Quem de nós não adora ter um animalzinho de estimação? Ou observar os animais na natureza? Quem não fica indignado quando vê um animal abandonado ou sofrendo todo tipo de maus-tratos?
Se você convive com algum tipo de animal, com certeza já percebeu que ele reclama quando tem fome, que sente frio ou calor, que fica triste ou feliz. Você percebe isso porque os animais são seres sencientes, eles têm capacidade de sentir dor, alegria, medo, tristeza, fome...
Este aí na foto é o Thor, meu cãozinho, e não consigo olhar dentro de seus olhinhos e negar que ele tem uma alma. Mas ainda hoje não é fácil o homem aceitar que os animais tem alma, tão apegados somos à ideia que o gênero humano é privilegiado perante as Leis da Criação Divina. Pitágoras já dizia que os animais dividem conosco o privilégio de ter uma alma.
Allan Kardec, no Livro dos espíritos, afirma que os animais tem alma, uma alma ainda rudimentar mas que se humanizará com o tempo, que sobrevive a morte do corpo físico. É interessante a análise dessas questões trazidas por Allan Kardec no Livro dos Espíritos (livro de perguntas e respostas), o primeiro livro da codificação espírita, trata da imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as Leis Morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade.
Várias são as perguntas feitas sobre a questão dos animais abordando temas como a inteligência, a capacidade de comunicação, o livre-arbítrio e a alma. Quanto à inteligencia, quando comparamos o homem e os animais, parece difícil estabelecer uma linha que faça uma certa demarcação entre as duas espécies uma vez que certos animais demonstram notória superioridade sobre certos homens. Isso porque o homem é um ser à parte, que pode às vezes descer muito baixo ou pode elevar-se muito alto. Na questão do físico, o homen é como os animais, nasce e morre, apesar de alguns animais serem muito mais bem providos do que o homem, mas o homem compensa o que a natureza não lhe deu com a sua capacidade intelectiva, o homem inventa com a sua inteligência recursos para prover a sua necessidade e para a sua conservação. Nos animais domina o instinto, que é uma espécie de inteligência, apesar de ser limitada.
Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente. - Léon Denis
Nós não somos criações milagrosas nem mesmo privilegiadas. Não somos destinadas a felicidade em um paraíso de papel. Para alcançar a felicidade verdadeira é preciso esforço e burilamento. Nós somos filhos de Deus, conquistando valores de experiência em experiência, e devemos proceder na vida com a dignidade correspondente. Andre Luiz, pela psicografia de Chico Xavier nos diz no livro "No Mundo Maior" que: não há favoritismo no Templo Universal do Eterno e todas as forças da Criação aperfeiçoam-se no Infinito. A crisálida de consciência, que reside no cristal a rolar na corrente do rio, aí se acha em processo liberatório; as árvores que por vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do inverno e acalentadas pelas carícias da primavera, estão conquistando a memória; a fêmea do tigre, lambendo os filhinhos recém-natos, aprende rudimentos do amor; o símio, guinchando, organiza a faculdade da palavra. Em verdade, Deus criou o mundo, mas nós nos conservamos ainda longe da obra completa."
E será que os animais tem linguagem, que eles se comunicam? Claro que eles não têm a linguagem formada por palavras, eles têm uma linguagem que é limitada às suas necessidades, mas eles se comunicam entre si, e dizem uns aos outros muito mais coisa do que nós podemos supor. Mas nós podemos pensar que existem animais que não possuem voz. E nós também não temos humanos que são mudos, e mesmo assim não se comunicam? A vida dos animais é uma vida de relação, eles têm meios de exprimir as sensações que eles experimentam, ou alguém acha que os peixes não se entendem no cardume, que as aves que voam em bando fazendo acrobacias no ar não se comunicam? É inegável que eles dispõe de meios para se entenderem. A linguagem do homem é perfectível e tem a utilidade que o homem quiser fazer dela, mas o homem não tem o privilégio da linguagem. A linguagem dos animais é instintiva e é limitada exclusivamente às suas necessidades e às suas ideias.
Quanto ao livre-arbítrio, ou seja, a possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante, podemos considerar que os animais não são simples máquinas como supôs René Descartes - filósofo francês que ensinava que os animais são máquinas, agindo de acordo com as leis naturais, por não terem espírito. Mas, como vimos, eles têm um alma sim. A liberdade de ação dos animais é limitada às suas necessidades. E é sempre bom lembrar que o livre-arbítrio é o aspecto da Lei Maior do Criador que sustenta a evolução do universo inteligente.
Os animais estão sujeitos a lei do progresso como nós homens estamos. Como nos explica Emmanuel no livro O Consolador, pela psicografia de Chico Xavier, a vida animal tem uma finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio através das experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes esforços, dos princípios sagrados da inteligência. E para quem tem a curiosidade de saber sobre a questão da sobrevivência da alma animal, existem várias obras da literatura espírita que relatam a presença de animais no plano espiritual. André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, no livro Nosso Lar faz vários apontamentos a respeito dos animais no plano extra-físico: ele informa que os cães facilitam o trabalho, os muares suportam cargas pacientemente e fornecem calor nas zonas onde se faça necessário, que não se pode prescindir da colaboração dos animais nas regiões espirituais ainda impregnadas de reflexos terrestres, relata sobre as matilhas de cães que acompanhavam os trabalhadores. No livro Memórias de um Suicida de Yvonne A. Pereira, pelo espírito Camilo Cândido Botelho, há o relato de parelhas de cavalos brancos, nobres animais cuja extraordinária beleza e elegância incomum despertariam a nossa atenção, vigorosos e inteligentes, com belas crinas.
Necessário é que lembremo-nos que vivemos em um planeta de provas e expiações. Provas são as lutas na estrada da evolução para o nosso aperfeiçoamento intelectual, moral, emocional e espiritual; enquanto expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime. Como o progresso dos animais se faz pela força das coisas, para os animais não existe expiação. E alguém pode pensar assim: ah! mas os animais sofrem! Sim. Sofrem. Léon Denis nos explica que o sofrimento não é forçosamente uma expiação.
Toda a Natureza sofre; tudo o que vive, a planta, o animal e o homem, está sujeito à dor. O sofrimento é, principalmente, um meio de evolução, de educação. - Léon Denis
Mas se os animais sofrem, não devemos nós atuar como instrumento que traga sofrimento a eles. Nunca há a necessidade da crueldade. E se os animais são sempre inferiores e subordinados ao homem, isso não significa que Deus criou seres votados perpetuamente à inferioridade porque isso estaria contra as suas Leis. Tudo na natureza se encadeia por vínculos que nós ainda não conseguimos perceber, todas as coisas tem pontos de contato que, em nosso estado atual, não conseguimos compreender ainda. Deus não se contradiz e tudo na natureza se harmoniza através das leis gerais que nunca se afastam da sabedoria do Criador. Nós devemos reconhecer a grandeza de Deus nessa harmonia admirável que faz a solidariedade de todas as coisas na natureza.
Da noite dos grandes princípios, ainda insondável para nós, emergimos para o concerto da vida. A origem constitui, para o nosso relativo entendimento, um profundo mistério, cuja solução ainda não nos foi possível atingir, mas sabemos que todos os seres inferiores e superiores participam do patrimônio da luz universal. - Chico Xavier por Emmanuel
Forçoso é reconhecer que o homem é um ser a parte na ordem da criação porque tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem outro destino: a espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que o podem conhecer.
Amadurecendo nossa compreensão sobre os animais
Irvenia Prada tem um livro excelente: A questão espiritual dos animais. É um livro muito rico onde ela trata de questões como: porque existem os animais, a mediunidade nos animais, eutanásia dos animais, as emoções nos animais, a “humanização”dos animais, é um livro muito bom.
Ela coloca que, com base na doutrina espírita, pode-se concluir:
Os animais tem (são) espíritos
Os animais reencarnam e evoluem
Os animais são seres inteligentes
A inteligência é atributo do espírito
Instinto é uma espécie de inteligência
Nos animais já existe o despertar da consciencia
Os animais pensam em ideias fragmentárias
Nos animais o cérebro também é o órgão de manifestação da mente
Caibar Schutel nos diz, no livro Gênese da Alma, que os animais são seres vivos, que sentem, que se cansam, que têm força limitada, e finalmente, que pensam, e que, em limitada linguagem, acusam a sua impotência, a sua fadiga irreparável aos golpes do relho e das bastonadas com que os oprimem.
É preciso amadurecer a nossa compreensão sobre os animais e a natureza como um todo. Emmanuel diz que nós recebemos como obrigação sagrada o dever de amparar os animais na escala progressiva de suas posições variadas no planeta. Estendei até eles a vossa concepção de solidariedade e o vosso coração compreenderá, mais profundamente, os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios da vida.
A caridade e a solidariedade deve ser estendida a toda criatura. Aprendamos a agir no bem, pautados sempre pela Lei de Amor do Criador, porque como nos disse o querido Chico Xavier: o bem que praticamos em algum lugar, é nosso advogado em toda parte.
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