E QUANDO CHEGAR A NOSSA HORA?
- Lara
- há 2 horas
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Morrer faz parte da vida.

A morte. Inevitável. Temida. Incompreendida. E ainda assim é um certeza absoluta: todos iremos morrer. Não é melhor compreender do que temer?
Comecemos por compreender que a morte é simples mudança de plano. Como nos diz Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier no livro Vinha de Luz: Morte do corpo é crescimento espiritual. O túmulo numa Esfera é berço em outra.
Vamos refletir. Temos o hábito de fazer planos para o futuro.
Fazemos planos sobre o que queremos para a vida, o que queremos fazer, o que estudar, qual profissão seguir, o casamento, uma viagem, enfim, gostamos de planejar. Porém, esquecemo-nos de fazer planos para quando for a nossa hora de voltar a pátria espiritual. Não pensamos na hora de nossa despedida do plano material, que pode acontecer de inúmeras formas diferentes. Pode ser que morreremos por uma enfermidade, um acidente, um ato de violência…
A verdade é que o tempo passa rápido, muitas vezes nem percebemos a velocidade com que o tempo corre. É comum pensarmos que ainda temos muito tempo pela frente. E pode ser que tenhamos, pode ser que não tenhamos. Assim, vamos seguindo com o receio, o tabu mesmo, em falar sobre a morte.
Nós nos dedicamos a tantas preocupações no dia a dia, algumas tão tolas, tão futeis, e não temos a sensatez de nos ocuparmos, de pararmos para refletir, sobre a única certeza que temos que é a nossa partida para o mundo espiritual pela porta da morte do corpo físico. Ou alguém que acha que ficará nesse corpo material para sempre?
Que homem há, que viva, e não veja a morte? ou que livre a sua alma das garras do sepulcro? - Salmos 89:48
Será que não está na hora de encararmos esse fenômeno natural de modo diferente, com mais maturidade? Independente da situação que vivemos na matéria, se somos ricos, pobres, doentes, saudáveis, bons, maus… todos nós vamos para o “lado de lá”, todos nós partiremos.
Ao desenvolvermos a consciência da nossa condição de espíritos imortais, compreendendo que o corpo é que tem prazo de validade, passamos a ter mais responsabilidade para com a nossa vida e a vida alheia.
Talvez encarar a morte como uma viagem ajude a pensarmos sobre ela. Quando vamos viajar fazemos o nosso planejamento de onde queremos ir, quais lugares queremos visitar, e, principalmente, nós deixamos organizadas as coisas em nossa casa e em nosso trabalho para fazermos a viagem de forma tranquila.
Porque não pensar a morte dessa forma?
A morte é continuação da vida, e na vida, que é eterna, possuímos o que buscamos. - Chico Xavier por André Luiz - livro Nos domínios da mediunidade
Um ponto interessante sobre a morte é que devemos aprender a deixar organizada a nossa vida material para, ao partirmos para o plano espiritual, não legarmos para os que aqui ficam, problemas que deveríamos ter resolvido. Deixar nossa vida organizada, clara, sem nada escondido, facilita para os nossos afetos os procedimentos a serem tomados com relação ao mundo material.
Outro ponto é deixar arrumada as nossas relações. Tantas pessoas que magoamos, tantas situações mal resolvidas e tantas relações estremecidas. Jesus foi muito claro quando nos advertiu para nos reconciliarmos com os nossos inimigos quando ainda estamos a caminho com eles. Precisamos deixar resolvidos os conflitos pessoais, os relacionamentos, porque, depois, o reajuste pode ser mais duro, mais difícil e levar muito tempo.
Se tivermos a consciência da finitude do corpo material, compreendendo, todavia, que o espírito continua a sua jornada, talvez nos dediquemos a nos melhorar de forma mais consistente, angariar valores mais robustos.
Alguns podem até pensar: o que essas coisas tem a ver com espiritualidade, não é? Tem absolutamente tudo a ver, porque a hora da despedida é a hora do acerto de contas, tanto com quem está ficando quanto com quem está do outro lado.
Recebemos no Além o que realmente criamos para nós mesmos, em contato com as criaturas. Tudo o que é nosso em nós demora. O amor encontra, depois da morte, aqueles a quem se consagra ou aquilo a que se devotou. O ódio convive com as imagens horrendas que para si mesmo gerou e das quais se alimenta. - Chico Xavier por Romeu A. Camargo - livro Falando à Terra
É necessário nos prepararmos para esse momento, que é inevitável para cada um de nós. Morrer é mudar de plano. A vida continua como aqui, ninguém vira santo porque morreu, a morte não altera a personalidade humana. Somos o que somos em toda a parte.
A morte apresenta ao homem realidades que ele nem sonha. Muitas criaturas, ao deixarem o plano material, não têm consciência do que aconteceu, não sabem que morreram. Como a verdade tem o hábito de se impor, a falta de conhecimento desse fato natural, nos traz inúmeros problemas. Devemos, então, nos perguntar como queremos chegar ao outro lado.
Morrer bem, com consciência, com entendimento do processo facilita a vida. E para morrer bem precisamos aprender a viver bem. Viver no bem, pelo bem e para o bem.
A morte física não é o fim. É pura mudança de capítulo no livro da evolução e do aperfeiçoamento. - Chico Xavier por Emmanuel - livro Missionários da Luz
Não será bem melhor, muito mais gratificante, chegarmos na pátria espiritual tendo a alegria de saber que deixamos tudo organizado, que nos reconciliamos com nossos desafetos, praticamos todo o bem que pudemos e nos esforçamos em nosso aprimoramento intelectual e moral?
Essa é uma escolha que fazemos. Sermos melhores aqui no mundo material para sermos melhores no mundo espiritual.
A morte é só um portal para a verdadeira vida, para a vida espiritual.
Você está preparado para quando chegar a sua hora?
A morte também é poesia
Chico Xavier, esse grande homem e médium, deixou também, através de sua psicografia, poesias, poemas e sonetos belíssimos, como este do espírito Cornélio Pires no livro Retratos da Vida.
Assunto de morrer
Quer você saber em carta,
Meu caro Joaquim Mamede,
Depois da morte do corpo
Aquilo que nos sucede.
A resposta necessária
Pede à gente tanto estudo,
Que muito desencarnado,
Neste ponto, fica mudo.
Digo, porém, a você
Sem a menor pretensão
Tanto a morte, quanto a vida
Exigem preparação.
Você sabe: sempre erramos,
Conforme o senso comum
Mas guarde a paz em si mesmo,
Não guarde remorso algum.
Trate o corpo com cuidado,
Imite o zelo de alguém
Que tendo uma enxada só,
Protege a enxada que tem.
Não chore as crises da Terra,
Que a própria vida se arruma,
Dos problemas que carregue
Não faça queixa nenhuma.
A favor da paz dos outros,
Ante a fé na qual se ampara,
Perdoe qualquer prejuízo,
Aguente tapa na cara.
Merece muito de Deus,
Quem poda sombra ou pesar,
Ajudando aos companheiros
Lutando sem reclamar.
Trabalhe quanto puder,
Quanto puder faça o bem,
Não há ninguém sem valor
Não pense mal de ninguém.
Julgar os outros? Desista,
É questão em que não entro,
Cada qual mostra por fora
Aquilo que traz por dentro.
Às vezes vemos na Terra
O crime ou a perturbação,
Mas lembre: vemos o mal,
Deus considera a intenção.
Fale menos, pense mais,
Cultive a comida pouca,
Muita gente lembra peixe
Que se perde pela boca.
No copo muita atenção,
Naquilo que se recebe,
Em qualquer tempo, não tome
Água que gato não bebe.
Quanto ao mais cumpra o dever,
Recordando com juízo,
Que a morte é assim como a lei:
Chega sempre que é preciso.
Excelente publicação.