Vestindo o calçado do outro.
Empatia é se colocar no lugar do outro, é a capacidade de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar o que sente outro indivíduo.
A empatia nos leva a nos ajudarmos uns aos outros e ela está intimamente ligada ao altruísmo - se doar para o outro sem esperar nada em troca - ao amor, ao interesse pelo próximo e à capacidade de ajudar.
A empatia também ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.
Para ter empatia com o outro é preciso enxergar e escutar as pessoas identificando as suas carências e dificuldades, procurando captar as suas emoções e compreender os seus motivos e atos para que sejamos capazes de estabelecer uma relação de entendimento da situação do outro. Se não tivermos empatia, seria como disse Jesus: “porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem” (Mateus, 13: 13).
Em termos de solidariedade e amor ao próximo, quando conseguimos sentir a dor ou o sofrimento do nosso semelhante, colocando-nos em seu lugar, desperta a vontade de agir, que nos estimula a praticar a caridade que consola, ajuda e liberta a alma. A virtude da empatia requer de nós o aprender a “renunciar a si mesmo”, afastando o egoísmo e a indiferença dos nossos sentimentos e pensamentos para saber pensar e atuar a partir da ótica do outro.
"Quem renuncia com Jesus não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na esfera do próprio “eu” para o justo soerguimento daqueles que o cercam." - Chico Xavier por Emmanuel no livro Perante Jesus
A empatia leva-nos, também, a ampliar as percepções e evitar julgamentos baseados em nosso próprio senso de justiça, muitos vezes equivocado. Ou seja, utilizar como referência a nossa justiça – o “eu” julgador. Antes de julgar, é necessário que examinemos como seria o nosso comportamento, antevendo as consequências e buscando mais a compreensão, a mansidão e a paz, controlando os impulsos e os assédios de sugestões que somente fazem ferir os nossos semelhantes. Espiritualmente é preciso transportar-nos para além desta vida, onde se farão sentir os efeitos do julgamento falho.
Jesus nos instruiu:
“Não julgueis, para que não sejais julgados”. (Mateus, 7: 1);
“Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”. (João, 7: 24);
“Porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”. (Lucas, 6: 38);
“Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”. (Mateus, 26: 52)
Essas mensagens evangélicas demonstram claramente os resultados decorrentes da lei de ação e reação, em que tudo aquilo que fazemos ao outro voltará para nós mesmos. Em situações onde é necessário o julgamento, será importante desenvolver a compreensão no caminho do amor e da paz, colocando-nos no lugar do outro, para não realizarmos julgamento leviano que nos conduzirá a enganos ou ressentimentos futuros.
Se queremos seguir verdadeiramente Jesus, temos de vencer a luta íntima contra as próprias imperfeições, fazer desaparecer o “eu”, e começar a enxergar os nossos semelhantes como verdadeiros irmãos, filhos do mesmo Pai. O Cristo disse: “aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Essa máxima faz da indulgência um dever, pois não há quem dela não necessite para si mesmo. Ensina que não devemos julgar os outros mais severamente do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar nos outros o que nos desculpamos em nós. Antes de reprovar uma falta de alguém, consideremos se a mesma reprovação não nos pode ser aplicada.
Refletindo
Para nosso reflexão:
“Só vestindo o calçado do outro saberemos se ele é apertado ou não, se machuca aqui ou ali, e assim poderemos compreender e tomar atitudes mais eficazes para consolar e ajudar… Quem tem a habilidade da empatia consegue desenvolver a compaixão e estender as mãos para auxiliar… Para que alguém esteja apto a, verdadeiramente, consolar alguém, é indispensável ter a percepção ou mesmo a compreensão do que está sofrendo aquele que busca ou aguarda consolação”. - José Raul Teixeira pelo espírito Camilo, no livro A carta magna da paz.
Só seremos capazes de avaliar de modo correto e justo os acontecimentos e atitudes das pessoas, quando calçarmos seus sapatos, ou seja, quando nos colocarmos na posição em que eles estão e enfrentando os mesmos desafios.
Assim, para ser empático é preciso ultrapassar a barreira do “eu”, retirando a atenção dos próprios problemas e passar a observar e a viver o outro, saindo do seu círculo íntimo, quer para a prática da caridade que salva como para não realizar julgamentos levianos.
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