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JUSTIÇA E MISERICÓRDIA

Deus dá o frio conforme o cobertor


O tema justiça e misericórdia faz com que reflitamos sobre os acontecimentos em nossa vida. Antes, porém, precisamos compreender o que é justiça e o que é misericórdia.


JUSTIÇA

  • no dicionário: justiça é qualidade do que está em conformidade com o que é direito, avaliar o que é direito, o que é justo.

  • no livro dos Espíritos, a questão 875 - Como se pode definir a justiça? “A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.”


MISERICÓRDIA

  •  solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia pessoal ou que caiu em desgraça; dó, compaixão, piedade. Ato concreto de manifestação desse sentimento, como o perdão; indulgência, graça, clemência

  •  no Evangelho segundo o espiritismo, capítulo X “Bem aventurados os misericordiosos”, no item 4 - A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.


E como Deus é perfeição, claro é que sua justiça e sua misericórdia também o são, embora nós muitas vezes não compreendamos. Para compreender bem essa questão nós temos que nos voltar para os 10 mandamentos.


Os dez mandamentos são um marco histórico, na verdade o primeiro marco histórico do Deus único que se tem notícias até os dias de hoje. Foi recebido pela mediunidade de Moisés e segundo a crença espírita, é uma síntese básica sobre toda a conduta moral que a humanidade deve ter e seguir.


Estas leis foram muito importantes em uma época que as pessoas estavam perdidas e com pouca instrução. Viu-se necessária leis que pudessem domar um povo ainda com costumes bárbaros e jovens sem instrução e conhecimento para decisões inteligentes que fizessem um grupo grande evoluir socialmente. Ainda era visto instintos de sobrevivência primitivos.


De acordo com o livro bíblico de Êxodo, Moisés conduziu os israelitas que haviam sido escravizados no Egito, atravessando o Mar Vermelho dirigindo-se ao Monte Horebe, na Península do Sinai. No sopé do Monte Horebe, Moisés ao receber as duas "Tábuas da Lei" contendo os Dez Mandamentos de Deus, estabeleceu solenemente um Pacto (ou Aliança) entre YHVH e o povo de Israel.


Moisés, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os quatros primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da escravidão do pecado.


I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano.

II. Não tomeis em vão o nome do Senhor vosso Deus.

III. Lembrai-vos de santificar o dia do sábado.

IV. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará.

V. Não mateis.

VI. Não cometais adultério.

VII. Não roubeis.

VIII. Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo.

IX. Não desejeis a mulher do vosso próximo.

X. Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.


Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo diz sobre as dez leis: "Esta lei é de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as outras são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a manter, pelo temor, um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos enraizados e os preconceitos hauridos na servidão do Egito. Para dar autoridade às suas leis, ele deveu atribuir-lhes origem divina, assim como fizeram todos os legisladores dos povos primitivos; a autoridade do homem deveria se apoiar sobre a autoridade de Deus; mas só a ideia de um Deus terrível podia impressionar homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de uma delicada justiça eram ainda pouco desenvolvidos. É bem evidente que, aquele que tinha colocado em seus mandamentos: "Tu não mataras; tu não farás mal ao teu próximo" não poderia se contradizer fazendo deles um dever de extermínio. As leis mosaicas propriamente ditas, tinham, pois, um caráter essencialmente transitório”.


André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, pela psicografia de Chico Xavier, faz uma análise bem direta que pode nos levar a pensar mais sobre os mandamentos.


▬ Eu sou o Senhor, teu Deus. Não terás outros Deuses e nem farás cópias de suas imagens, assim como não os adorarás e nem lhes prestarás cultos.

Consagra Amor Supremo ao Pai Amoroso e Misericordioso, Pai de Bondade Eterna, reconhecendo-o como fonte de tua própria origem divina. Previna-te contra os enganos do Antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos pelos conceitos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.

“Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primeira de todas as coisas”

Quando nos referimos aos atributos Divinos, dizemos que Deus é infinito, é único, eterno, imutável, imaterial, todo-poderoso, soberanamente justo, nós dizemos também que Ele é misericordioso e bom. A misericórdia e a justiça Divinas andam juntas.


▬ Não pronunciar em vão o nome do Senhor, teu Deus.

Abstém-te de envolver o Julgamento Divino na estreiteza dos teus julgamentos.

Fala o nome de Deus em vão quem prega em seu nome e não pratica as boas ações que recomenda a outrem. Fala em vão o nome de Deus quem zomba de sua existência ou se revolta contra Ele quando é submetido a provas e expiações. Fala em vão o nome de Deus as pessoas que fingem sua crença por pura conveniência, por desejo de projeção pessoal e domínio das consciências alheias. Fala em vão o nome de Deus aquele que comercializa seus dons mediúnicos, contrariando o que disse Jesus: “dai de graça o que de graça recebestes”.


▬ Lembra-te de santificar o dia de sábado.

Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefício daqueles que te atendem na esfera de trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.

Simbolicamente, esse mandamento representa a necessidade que todos temos de não exceder o limite da força alheia e o da nossa força nos trabalhos que executamos ou fazemos alguém executar. Também simboliza o dever de, ao menos um dia por semana, nos dedicarmos a Deus, pela elevação dos pensamentos proporcionada pela prece e reflexão em torno de leituras e palestras elevadas, visitar os enfermos, socorrer os necessitados, orar pelos amigos e parentes


▬ Honrai Pai e Mãe, para serdes dignos de viveres na Terra que o Senhor, teu Deus, te dará.

Lembra-te de que a dívida para com teus pais terrestres é sempre insolvável devido a sua sublime natureza.

Demonstrar nossa gratidão a quem nos proporcionou nova existência física e cuidou de nós com zelo amoroso e mesmo com sacrifício de suas horas de sono e da própria saúde


▬ Não Matarás.

Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.

A vida é dom de Deus concedido a todos nós, e não nos cabe decidir, em seu nome, quem deve viver e quem deve morrer. Aqui inclui-se o aborto, a eutanásia… Responderemos por cada vida que nos foi confiada, ainda mesmo a dos nossos irmãos menores, os animais.


▬ Não cometerás adultério.

Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força desorientadas que se voltarão contra ti mesmo.

Adulterar não é somente trair sexualmente seu cônjuge. É faltar com a verdade, inúmeras vezes, ao longo da existência física, visando não se comprometer com alguém. É deixar de cumprir com nossas obrigações de cidadãos, seja em sociedade, no lar ou no trabalho. É ser desleal com o nosso próximo quando este mais precisa de nosso apoio.


▬ Não roubarás.

Evita a apropriação indébita para que não agraves as tuas próprias dívidas.

Há pessoas que preferem subtrair de outrem o que pertence a este do que trabalhar. Julgam-se injustiçadas socialmente, mas nada fazem para estudarem, na preparação de seu futuro profissional melhor, ou serem honestas, quando contratadas para um serviço qualquer. Acomodam-se na preguiça, mesmo quando convidadas a trabalhar e, desse modo, lesam a si próprias. Mas também há outras pessoas que nos roubam o tempo, com conversas fúteis, sem qualquer proveito. Existem ainda as que furtam a boa imagem alheia com a maledicência, outras que roubam as esperanças de outrem com julgamentos cruéis, e igualmente há as que fraudam concursos em benefício próprio ou de seus protegidos... A essas pessoas também se aplica o sétimo mandamento, assim como a todos os que lesam o seu semelhante nas mínimas coisas. 


▬ Não prestareis falso testemunho contra o teu próximo.

Afaste de teus lábios toda a palavra dolosa a fim de que não se transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.

Presta testemunho falso não somente quem acusa sem provas e mente para prejudicar alguém, mas também quem tem por hábito mentir. Quem não é coerente entre o que fala e o que faz.


▬ Não desejareis a mulher do teu próximo.

Esse mandamento, nos dias atuais, precisa ser muito refletido e praticado, não somente pelos homens, mas também pelas mulheres, em função dos avanços das conquistas femininas, o que as torna credoras dos mesmos direitos que os homens, como também devedoras das mesmas obrigações.


▬ Não desejareis quaisquer coisas pertencentes ao teu próximo.

Acautela-te contra o desejo descabido, a inveja e o ciúme, aprendendo a conquistar a alegria e a tranquilidade, ao preço do próprio esforço, porque os teus pensamentos te precedem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã.

Quem cobiça os bens alheios ainda não aprendeu, com Jesus, que há mais alegria em dar do que em receber.


Existe uma musica do cantor Adoniran Barbosa, chamada Saudosa Maloca. A letra dessa musica tem uma frase assim: Deus dá o frio conforme o cobertor.


Essa frase traduz bem a justiça e a misericórdia Divinas, por analogia: O frio representa a justiça Divina que nos alcança todas as vezes que nós erramos, enganamos, fraudamos, e tentamos burlar  a lei de Deus. O cobertor, que auxilia a vencer a intempérie, representa a misericórdia de Deus que se estende a nós quando nos tornamos devedores da lei. Em todas as situações da vida onde há a aplicação da justiça de Deus se manifesta também a Sua misericórdia.


Mesmo porque nesse mundo que nós vivemos de provas e expiações, nós encontramos por exemplo as enfermidades que são a justiça de Deus cobrando aos seres os seus descalabros do ontem ou do hoje, os excessos, abusos, intemperança. Ao seu lado se multiplicam médicos, enfermeiros e atendentes receitando, medicando, minimizando dores… São os intérpretes da misericórdia de Deus. Ao lado deles cientistas se debruçam sobre tubos de ensaio, investindo noites e horas sem fim, com o objetivo de descobrir novas fórmulas para curar enfermidades ou diminuir sofrimentos. A justiça de Deus estabelece que a cada um deve ser dado conforme as suas obras.


Outro exemplo, quem retirou dos cofres públicos através da corrupção quantias preciosas que eram para ser utilizadas no bem comum, na melhoria de vida das pessoas, retorna para devolver a esses mesmos cofres, através do seu trabalho, tudo que usurpou indevidamente. Mas a misericórdia de Deus permite que a criatura, nesse contexto, se mantenha e sustente os seus com essa mesma atividade.


Muitas vezes, quem se serviu do corpo perfeito para a prática do mal, retorna em outro momento, com determinada deficiência. No entanto, não lhe faltarão seres abnegados que o receberão como filho, professores que se dedicarão para que ele viva o melhor possível, face às suas limitações.


Não raro a justiça Divina estabelece que devedor e credor se reencontrem no lar para os devidos ajustes. A misericórdia concede a um e outro o esquecimento do passado a fim de que a reparação se concretize em ambiente isento de acusações infelizes. A justiça alcança o devedor e o cobra. A misericórdia se coloca ao lado e lhe oferta o ombro amigo para chorar, o braço forte para amparar, uma voz para renovar o ânimo.


Deus é justiça, mas não podemos nos esquecer que ele também é Pai amoroso e bom. A justiça estabelece o ressarcimento à lei. A misericórdia do pai atua através da bondade  que estende oportunidades de reparação. A sabedoria providencial das Leis Divinas se revela, nas pequeninas coisas, como nas maiores. Essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça, nem da misericórdia de Deus. Justiça e misericórdia se manifestam na Terra em forma de cobrança e oportunidade, resgate e compensação. Preste atenção e descubra você mesmo como a justiça e a misericórdia Divinas andam de mãos dadas.


Eu penso que existe um problema que ainda não foi solucionado na humanidade, é a resposta para:

  • de onde eu venho?

  • o quê eu estou fazendo aqui?

  • para onde eu vou?


Enquanto a humanidade não conseguir responder essa questão com convicção, paira essa sensação de medo da morte, da separação definitiva, do nunca mais vou ver quem eu amo… mas o homem, por intuição, têm essa crença na imortalidade, muito mais do que nós pensamos, porque é muito mais lógico você crer que a vida continua do que crer que depois da morte tem o nada.


No livro Céu e Inferno: a justiça divina segundo o espiritismo, Allan Kardec nos diz que Instintivamente tem o homem a crença no futuro, mas não possuindo até agora nenhuma base certa para defini-lo, a sua imaginação fantasiou os sistemas que originaram a diversidade de crenças. Mas a doutrina espírita não é uma obra de imaginação, é antes o resultado da observação de fatos materiais que se desdobram hoje à nossa vista.


Justiça e Misericórdia


Deixo para reflexão o texto Justiça e Misericórdia de Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, no livro Assim Vencerás.


Muitas vezes exclamas: — Justiça! Justiça!

E afirmas-te demasiadamente sofredor, perseguido pelas sombras ou desamparado pela Bênção do Céu!

Lembra-te, porém, de que a corrigenda não exclui a presença do pesar e enquanto a provação trabalha em nossas almas, trazemos conosco os remanescentes da culpa.

Antes do apelo à justiça roga clemência e piedade, de vez que pelo socorro do temporário esquecimento na vida física — brando anestésico de que se utiliza a Compaixão do Senhor para extirpar-nos do espírito as raízes do mal — por muito tempo ignoramos toda a extensão de nossos débitos.

Nos dias de aflição e cinza, não te recolhas à blasfêmia e nem peças por maiores manifestações da Justiça, em teu campo de ação, porque a Justiça mais ampla poderia agravar-te as dores, mas sim roga o acréscimo da Divina Misericórdia, em teu benefício, a fim de que disponhas de ombros fortes para que não venhas a lançar longe de ti os favores da própria cruz.


Não enganemos a nós mesmos aguardando compaixão sem justiça.




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