A oração que Jesus nos ensinou.

A oração é a nossa ligação direta com o Criador. Um recurso poderoso que movimenta as energias do Pai em nosso favor.
Jesus nos orientou sobre o modo de orar. Ele nos disse: "quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." - Mateus 6:6
O que Jesus quis dizer é que não precisamos de templos de pedra para orarmos, devemos voltar os olhos para dentro de nós, para a nossa intimidade espiritual, e fechar as portas, fechar os olhos momentaneamente para o mundo material nos conectando com a Força Soberana da Vida. É assim que estabelecemos nossa ligação com o divino. Porque o Pai está em nós. E ele sabe o que cada um de nós precisa mesmo antes de nós pedirmos.
Jesus nos deixou a mais linda oração de amor ao Pai.
Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o reino, o poder, e a glória, para sempre. Amém. - Mateus 6: 9-13
Apesar da simplicidade dessa oração, ela é profunda, bela e verdadeira, com muito mais significado do que podemos imaginar.
Quando Jesus inicia a oração dizendo "Pai nosso, que estás nos céus!"; ele quer nos mostrar que acima de qualquer coisa Deus é o nosso Pai, nosso criador. Criador de homens, de animais, das matas, das flores, dos rios, dos mares, das estrelas, do cosmos… Deus é o Criador de todas as coisas, o Senhor dos céus e da terra. Somos todos nós filhos abençoados do Pai; e se somos filhos do mesmo Pai, somos todos irmãos, somos uma só família com o dever de nos ajudarmos uns aos outros. Se formos capazes de sentirmos Deus como Nosso Pai, nós vamos reconhecer que os nossos irmãos se encontram em toda parte e nós estaremos dispostos a ajudá-los de forma fraterna e bondosa, do mesmo modo que seremos nós mesmos ajudados, mais cedo ou mais tarde. Jesus, a fim de instruir-nos, viveu a fraternidade pura, o amor incondicional, auxiliou os homens felizes e infelizes, os necessitados e doentes, os ricos e os pobres, e com isso mostrou a cada um de nós o verdadeiro caminho da perfeição e da paz. E nós devemos seguir-lhe o exemplo.
Jesus continua: "Santificado seja o teu nome." O mestre nazareno louva o Criador, e não só com as palavras. A vida de Jesus foi uma constante santificação do nome de Deus, através do seu apostolado de amor. Jesus sabia que a maneira mais elevada de santificar o nome do Deus é auxiliar os outros, servindo sempre com amor, paz e alegria, consolando, instruindo, ensinando. Fez isso para que compreendamos que Nosso Divino Pai vive interessado em nossa elevação e em nossa felicidade. Jesus amparou a todos: velhos, crianças, doentes, necessitados, fracos, sofredores. Amparou e continua amparando cada um de nós, amando e ajudando sempre. Por isso, dar sempre o melhor de nós, em cada situação, servindo e auxiliando, é o modo como santificamos o nome do Pai.
"Venha a nós o teu reino" rogou Jesus ao Pai, sabendo que somente o Plano de Deus é capaz de nos proporcionar a verdadeira felicidade. Mas Jesus não se limitou a pedir, ele fez todo o esforço para que o Reino de Deus encontrasse as bases necessárias para florescer aqui na terra, espalhou com suas próprias mãos as bençãos de amor, de paz e de alegria para que nós, homens, pudéssemos nos melhorar. É preciso que cada um de nós faça o próprio esforço de se melhorar. Melhorar em todos os aspectos: intelectual, emocional e espiritual. É preciso compreender a necessidade de perseverar no bem. Como podemos reconhecer o amor, a bondade, a misericórdia e a justiça do Pai se não encontramos amor, bondade, misericórdia e justiça em nós mesmos? Fé e perseverança no bem são os dois grandes alicerces do Reino de Deus.
"Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu." Jesus deixa bem claro que a vontade a ser realizada não é a nossa vontade, mas a vontade do Pai. Nós devemos procurar a vontade do Senhor para que os desígnios divinos sejam executados. Cumprir a obrigação que nos compete, fazer a nossa parte no concerto da vida, oferecendo sempre o nosso melhor a cada dia. E como podemos saber qual a vontade do Pai? É só observarmos: no sofrimento o Pai nos pede paciência; diante da perturbação o Pai nos pede serenidade; diante das sombras e da maldade, o Pai pede que sejamos luz e bem que auxilia sempre; que no trabalho tenhamos devotamento ao dever; que diante da queda e do erro nós possamos nos reerguer e corrigir a caminhada; que tenhamos força para resistir as tentações do materialismo; que tenhamos valor moral ante às lutas da vida; que frente à amargura, à discórdia, às ofensas e ao ódio possamos oferecer esperança, harmonia, perdão e amor; enfim, o Pai pede que sejamos a bondade em favor de todos em cada momento de nossa vida.
"Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia" pede Jesus ao Pai. O pão nosso de cada dia não se refere somente ao pão material (o almoço, o jantar, o café…). Não. O pão nosso de cada dia refere-se a paz, ao amor, a esperança, a fé e aos valores morais. E nós estamos realmente aceitando o pão que o Pai nos oferece? Ou estamos agindo como crianças rebeldes que fazem o que querem sem medir as consequências? Através de nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações nós nos influenciamos uns aos outros. Qual a influencia estou sendo para aqueles que me rodeiam? Como estou sendo influenciado por aqueles que me cercam? Toda escolha tem consequência. Será que estou me ligando a sentimentos e pensamentos inferiores? Será que estou me esquecendo que sou espírito vivendo uma experiencia material, e colocando todo o foco dessa existência nas conquistas materiais sem lembrar-me que as verdadeiras conquistas são espirituais? É o pão espiritual, representado por Jesus, que nos garante a harmonia e o equilíbrio interior, que mantém nosso caráter firme nos alicerces do bem, que nos guarda contra a maldade, que nos fortalece a fé e a coragem, que nos traz entendimento, compreensão da fraternidade e do amor.
"Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores." Jesus nos mostra aqui a chave para uma vida plena e equilibrada: perdão. Jesus pede que o Pai perdoe as nossas dívidas, as nossas faltas, as nossas ofensas e a nossa ignorância na mesma medida em que nós mesmos perdoamos a quem nos deve. Se estamos pedindo ao Pai perdão que nos alivie o coração e a consciência, estamos do mesmo modo assumindo o compromisso de desculparmos aqueles que nos ofendem. Nós temos o hábito de minimizar nossas faltas e defeitos com desculpas um tanto esfarrapadas, mas, por outro lado, somos duros na reprovação das faltas e defeitos dos outros. Somos sempre tão ávidos em jugar! Jesus nos recomenda o esquecimento das mágoas, que qualquer um tenha nos causado, para que nós mesmos encontremos a paz. Como posso pedir ao Pai, através do perdão, o repouso à minha mente cansada do erro e não sou eu mesmo capaz de perdoar e proporcionar repouso a mente do meu irmão? Se o Pai pode constantemente suportar-nos os erros e perdoar-nos as nossas faltas, concedendo-nos sempre novas oportunidades de nos melhorarmos, é preciso que nós, aprendamos, igualmente, a espalhar a compreensão, a caridade, a bondade e o amor em benefício de todos os que nos cercam.
"Não nos deixes cair em tentação" pede Jesus. É claro que a bondade infinita do Pai não permitirá que venhamos a cair em tentações, mas, para isso, é preciso o mínimo de esforço de nossa parte. Todo o universo é regido pelas leis sábias do Criador, mas se eu escolho me afastar e transgredir essas leis, como esperar ficar sob a proteção delas? Não é lógico rogar o auxilio e a proteção divina se todo o tempo eu continuo cometendo os mesmos erros e imprudências sem ao menos tentar corrigir-me. O Pai sempre ajudará a todos nós, mas é preciso que tenhamos o mínimo de boa vontade em nós mesmos. O Pai sempre está conosco, todo o tempo, mas muitas vezes nós é que nos afastamos Dele por nossa própria vontade. Para que não caíamos sob os golpes das tentações, aprendamos a procurar e cultivar o bem, pois não há colheita sem plantio. Se esperamos receber o amparo e o amor de Deus, é preciso dar algo de nosso próprio esforço.
"Mas livra-nos do mal, porque teu é o reino, o poder, e a glória, para sempre. Amém." Jesus termina essa linda oração pedindo ao Pai que nos livre do mal. Para ficarmos livres do mal é necessário que desejemos não errar. É preciso ligar a nossa própria vontade às Leis do Bem, caso contrário não haverá harmonia e contentamento para o nosso coração. Enquanto estivermos nas sombras do orgulho e do egoísmo, estaremos sozinhos, aflitos, perturbados e desalentados. Orgulho e egoísmo significam felicidade somente para mim contra a felicidade dos outros. Não podemos nos esquecer que tudo o que existe, todas as coisas, todas as criaturas, todo o reino da vida, com todas as suas notas de grandeza, tudo pertence a Deus. Todo o poder e toda a glória do Universo, todos os recursos e todas as possibilidades da existência são da Providência Divina. Mas o Pai, na sua infinita bondade e misericórdia permitiu que a vontade seja um patrimônio propriamente nosso, em nosso círculo de ação, a fim de que possamos adquirir a liberdade e a grandeza, o amor e a sabedoria, por nós mesmos, por nosso próprio esforço. É por isso que somos escravos das nossas criações, das nossas escolhas. Muitas vezes escolhemos o erro e gastamos, então, muito tempo na correção das faltas cometidas, ficando presos a situações dolorosas que nós mesmos criamos para nós, mas continuamos sempre livres para desejar e imaginar. E como qualquer realização começa em nossos sentimentos e pensamentos, é preciso educar-nos no bem e no amor, conservando a nossa vontade à luz da consciência reta.
A oração que Jesus nos ensinou enleva até hoje o nosso coração aos mais altos sentimentos de amor e bondade. Somos ainda incapazes de compreender toda a grandeza e beleza do Criador, mas podemos ter um leve vislumbre de seu amor e bondade ao fazermos a oração do Pai Nosso.
Nós, durante a oração sentida, expomos nossas angústias, nossos desânimos; imploramos socorro, auxílio, apoio, indulgência. E é então, como Jesus nos disse, no santuário da nossa consciência, que uma voz secreta responde: é a voz do Pai que nos insufla toda a força para as lutas deste mundo, todo o bálsamo para as nossas feridas, toda a luz para as nossas incertezas. E essa voz, a voz de Deus, consola, reanima, persuade; nos dá a coragem, a submissão e a resignação. E, então, erguemo-nos menos tristes, menos atormentados; pois um raio de sol divino luziu em nossa alma e fez despontar nela a esperança. Tudo isso através de uma singela oração.
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