TRABALHO

Necessidade do Espírito

Será que compreendemos que todos nós temos necessidade de trabalhar?

Na Bíblia, há várias passagens que citam a importância do trabalho.

Em Gênesis 3:19 é narrada a passagem de Deus falando com Adão e Eva que acabaram de comer do fruto proibido. Deus diz a Adão: No suor do teu rosto comerás o teu pão.

E outras passagens, tais como:

Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade. 2 Timóteo 2:15

Esforcem-se para ter uma vida tranquila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as próprias mãos, como nós os instruímos; a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém. 1 Tessalonicenses 4:11-12

As mãos preguiçosas empobrecem o homem,porém as mãos diligenteslhe trazem riqueza. Provérbios 10:4

Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Jesus em João 5:17

Emmanuel no livro Pensamento e Vida, pela psicografia de Chico Xavier, diz que Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.

O Livro dos Espíritos trata da questão do trabalho no livro terceiro - As leis morais - no capitulo III Lei do Trabalho. São as questões 674 a 685.

Kardec nos informa que o trabalho é lei da natureza e por isso mesmo é uma necessidade.

 O trabalho será sempre o prodígio do Universo — a força que o entretém, a luz que o eleva. - Chico Xavir por Batuíra no livro Seguindo Juntos

Tudo trabalha na natureza. Também trabalham os animais. Entretanto, o trabalho deles é de acordo com a inteligência de que dispõem e se limita ao cuidado com a própria conservação. Com o homem é diferente, porque o trabalho é imposto ao homem como consequência da sua natureza corpórea, dizem os espíritos que o trabalho é expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da inteligência.

Sem o trabalho o homem permaneceria sempre na infância quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ou seja, o trabalho para o homem tem um duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar.

E aquelas pessoas que são ricas de recurso material, que tem bens suficientes, será que elas estão isentas da necessidade de trabalho? Os espíritos respondem essa questão dizendo o seguinte:  Do trabalho material, talvez; não, porém, da obrigação de tornar-se útil, conforme aos meios de que disponha,  nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é trabalho. Aquele a quem Deus facultou a posse de bens suficientes a lhe garantirem a existência não está, é certo, constrangido a alimentar-se com o suor do seu rosto, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o adiantamento que lhe foi feito. Trabalhar oferecendo sempre o melhor de nossas energias é defesa contra o tédio e a viciação, capazes de nos arruinarem a existência.

E aquelas pessoas que são fracas do corpo, que a sua condição física as impede de trabalhar? Ao extremamente fraco do corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho. O que nos leva a questão 675 quando Kardec pergunta se nós devemos entender por trabalho somente as ocupações materiais: Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.

E, estendendo nosso raciocício para além de nosso planeta, como será nos mundos mais adiantados que o nosso, que são mais aperfeiçoados? Os homens precisam trabalhar também? A natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. Quanto menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas, não deduzais daí que o homem se conserve inativo e inútil. A ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.

Néio Lúcio, pela Psicografia de Chico Xavier, no livro Colheita do Bem diz que O espírito de serviço é uma benção. Quando o homem descobre a satisfação de trabalhar por todos, resolve os mais graves enigmas de si mesmo. O plano terrestre é uma escola feliz e atraente para os que sabem receber a lições.

Aos espíritos que estão nos círculos mais elevados, o trabalho não é imposto. Porque a criatura que já está consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento às Leis de Deus e então trabalha e serve espontaneamente, se rendendo a Lei de Deus por livre vontade. Esses espírito compreendem a necessidade de trabalho e servem por amor de servir na obra do Pai.

Mas se o trabalho é necessário, se é uma lei da natureza, o repouso também será? Kardec fez essa pergunta aos espíritos, e veja a resposta deles: Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria. O descanso é pausa de refazimento das forças físicas e reformulação dos sentimentos e pensamentos. Nada mais. Batuíra, pela psicografia de Chico Xavier, nos explica que é preciso recordar semelhante verdade para que não lhe desrespeitemos a fronteira, caindo na marginalização de nossas melhores forças.

Então tem limite para o trabalho? O das nossas forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem. E sempre é bom lembrar que aquele que trabalha ocupando uma posição de autoridade e abusa dessa autoridade, impondo trabalho excessivo aos seus subordinados está transgredindo a lei e Deus. Os espíritos explicam que isso é uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo transgride a lei de Deus.

A questão do trabalho pode levantar a seguinte dúvida: ah! Mas não tem trabalho para todos, nós temos o dever de trabalhar mas nem sempre se encontra trabalho, há tanto desemprego… É verdade. O desemprego é um flagelo que atinge a sociedade. O que nós vemos no mundo é essa intermitência: uma hora o homem está empregado, outra hora desempregado. Mesmo no período do desemprego a pessoa continua a viver. O que acontece é que nós nos esquecemos de um fator crucial em nossas vidas: a educação moral, aquela que forma o caráter, que incute bons hábitos a pessoa. Não é ao acaso que vemos tantos problemas na sociedade atual. Quando a questão da educação moral for bem conhecida, compreendida e praticada, nós veremos o homem ter no mundo hábitos de ordem mais elevada, incluindo o hábito da previdência, tanto para consigo mesmo quanto para com os seus. Com o hábito da previdência conseguiremos passar pelos momentos em que estivermos sem trabalho, sem condições de prover o sustento, de forma mais leve. O homem, com o aperfeiçoamento moral, vai criar o hábito de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que irão permitir que ele atravesse de forma menos penosa os maus dias que são inevitáveis.

A lei do trabalho é roteiro da nossa emancipação. Sem a lei do trabalho, o nosso mundo mental dorme estagnado. Emmanuel vai dizer no livro Pensamento e Vida que fugir-lhe aos impositivos é situar-se à margem do caminho, onde o carro da evolução marcha, inflexível, deixando à retaguarda quantos se amolgam à ilusão da preguiça.

É preciso prestar atenção para um detalhe: trabalhar não é agir por agir, não é só o movimento. As regiões infernais estão sempre vibrando repletas de movimento. Emmanuel, no livro encontro marcado, psicografia de Chico Xavier, diz que interpretada apenas à feição de movimento, a atividade é suscetível de ser empregada para o mal. A pedra dedicada à construção pode transformar-se em instrumento do crime, nas arremetidas da delinquência.

A concepção do trabalho deve alcançar o entendimento de ação no bem e para o bem, e trabalhar com prazer, com alegria de servir. Mesmo no trabalho que nos garante o sustento da vida material.

Emmanuel tem uma reflexão que diz assim:

O amor é Deus na criatura, gerando bênçãos.

O trabalho é a criatura em Deus, realizando prodígios.

Quando compreendermos que o trabalho é necessidade do espírito, deixaremos de lado a ociosidade e nos colocaremos em serviço no bem e para o bem.